Moço da pele morena dos índios da Linha do Equador
Era verão, de um verão que te derrete a alma de tão intenso. A alma dele podia-se perceber pelos olhos. Ah, os olhos! E junto com eles vinha o andar confiante, arrogante, de quem conhece os caminhos – mesmo que não os tenha trilhado.

Era mais moço que eu, mas estar em sua presença me fazia menina, mulher, mãe. Fazia-me pequena, mas de uma pequenice gostosa, daquela que é
cuidada, acalentada. Ele tomava as rédeas da situação, deixando-me sem meu maior poder: a arte de comandar. Mas, mesmo assim, eu tentava. E como tentava.
cuidada, acalentada. Ele tomava as rédeas da situação, deixando-me sem meu maior poder: a arte de comandar. Mas, mesmo assim, eu tentava. E como tentava.
Tentava não ligar, tentava não me importar, tentava não sorrir debilmente após cada encontro, cada telefonema, cada mensagem. Tentava. E foi tentando que esse moço da pele morena dos índios da linha do Equador, derrubou os muros ao redor de mim.o cigarro fazia parte de nós, assim como eu, naquele momento, naquele ponto, fazia mais parte dele que ele próprio.
Poderia dizer que foi lentamente, pouco a pouco, um passo de cada vez. Não foi. Foi brutal, foi instantâneo. A febre, a doença, o desespero que há tanto são minhas companheiras, se tornaram minhas donas. E pra disfarçar o alvoroço dentro de mim, eu esnobo, finjo indiferença, viro atriz.
Ele percebe e me puxa pra junto, pede, sussurra pra eu não ter de fazê-lo. Calma, pequena, vai ficar tudo bem – ele diz. E eu penso se, ao menos, ele soubesse aonde está se enfiando.
Minha casa está uma bagunça, cuidado. – disse-me na primeira vez que saímos juntos. Se você pudesse ver dentro de mim, acharia isso pouco, pensei. Esse moço da pele morena dos índios da linha do Equador tinha como o hábito, o fumo – e eu também. E, naquele verão, o cigarro fazia parte de nós, assim como eu, naquele momento, naquele ponto, fazia mais parte dele que ele próprio.

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